ESPETÁCULOS.
O conceito criativo para um espetáculo artístico precisa estar intimamente conectado com todos os aspectos da peça. Mais do que relacionado ao tema central e a abordagem do diretor, ele, assim como figurino e cenário, é parte integrante e indissociável da linguagem cênica. 
Entredistâncias
Companhia Entre Nós Direção: Gustavo Sol
Desenvolvimentos: Conceito, cartaz/programa e divulgação online
Partindo de um orçamento enxuto para a impressão do projeto gráfico surgiu a ideia de unirmos cartaz e programa do espetáculo num mesmo suporte: desdobrando o programa em um lado, temos na outra face o car- taz da peça que o espectador leva junto consigo. As dobras em si dialogam com o universo estético do espetáculo: seus espaços flexíveis, a crueza da pedra em contraste com a mágica criativa; reflexos e inflexões da/
na Arte emergente diante do vazio circundante. As cores que permeiam o conceito - branco, bordô, salmão e grafite - são reflexos das pesquisas do elenco nas relações entre os corpos humanos e os celestes, entre as galáxias intra e extra corpóreas. Rascunhos esboçados dos intérpretes a partir de fotos do processo criativo indiciam a tarefa coletiva, efêmera e, ao mesmo tempo, solitária da criação artística.
argumento contra a existência de vida inteligente no cone sul
Coletivo Labirinto.
Desenvolvimentos: Cartaz, programa, brochura, materiais de divulgação online.
“Argumento...” é a Parte 1 da Trilogia da Revolução do uruguaio Santiago Sanguinetti, justapondo dois caminhos criativos: o ideário contra-hegemônico revolucionário de esquerda e a presença basilar de elementos da cultura pop, do consumo e de massa, aliados ao conceito de globalização. Partindo dessas premissas e da estupidez dos diálogos entre os personagens contrapusemos a vivacidade da pop art com a violência do discurso e da ação do quarteto protagonista, expondo as figuras de Che Guevara, Margaret Thatcher, Mickey Mouse e do Capitalismo à um ridículo quase infantil a fim de grifar o anacronismo presente no texto e nas atitudes nada inteligentes de seus representantes. As cores vibrantes da pop art e a alegria tipográfica dos cartuns são igualmente os elementos de transgressão à violência explícita dos desejos e do discurso que envolvem a trama e o desfe- cho sangrento dos protagonistas. A obra do grafiteiro britânico Banksy revelou ser o radar mais preciso onde pudemos encontrar uma lupa explícita entre a crítica e o ridículo de mãos dadas nessas relações.
Caixa de Memórias
Cia Razões Inversas.
Desenvolvimentos: Cartaz, programa, materiais de divulgação on e offline.
A criação debruçou seu foco no Tempo como gerador das imagens, que em perspectiva, compõem nossas memórias. Imagens de ontem que aguçam as memórias de hoje. Personagens datados e borrados, clicados por uma câmera moderna que revela no seu quadro os intérpretes, nítidos e sabedores das nuances que envolvem cada relação. Foco e desfoco como metáfora da linha de tempo que acessa e ilumina pontos distintos dos personagens e do próprio drama.  
Branco, cinza, preto, sépia e marrom compõem a paleta de cores que articulam as nuances entre passado e presente. Objetos de época e pilhas de fotos dão o arremate final do layout como herança perene que ultrapassa as trajetórias de nascimento e morte do ser temporal.
Romeu & Julieta 80
Renato Borghi Produções Artísticas.
Desenvolvimentos: Conceito, banner, programa, guia OFF e divulgação online.
O conceito criativo apoia-se na textura da pele como tom predominante para a tipografia e demais elementos gráficos. Pele como substrato da trajetória de vida, como marca e cicatriz, como elemento sinestésico mais abrangente. Nesse sentido as matizes cruas como pelos, pintas, poros e rugas somam à narrativa visual os traços únicos de cada intérprete/personagem.
Branco, salmão, vermelho, terracota e preto são as cores de maior relevância neste projeto gráfico, que ainda conta com ornamentos do fac simile da 1ª impressão do texto original.
Diásporas
Cia Elevador de Teatro Panorâmico.
Desenvolvimentos: Conceito, cartaz, flyer, banner, programa, guia OFF e divulgação online.
Movimentos diaspóricos ao longo dos tempos foram o ponto de partida deste projeto. A partir dessa investigação a representação gráfica da impressão digital tomou de assalto não só o projeto gráfico como também os figurinos. No conceito desenvolvido, a digital sobreposta à copa de uma árvore tomada pelo vento traz ao mesmo tempo a ideia de genealogia e dispersão. A tipografia utilizada nos títulos espalhados pelo projeto gráfico como um todo também sofre a ação diáspórica quando a última letra de uma palavra/sentença desloca-se a fim de ganhar terreno no espaço gráfico. 
Bege, tons de marrom, vermelho e preto são predominantes como paleta de composição. A textura de papel moeda ampara os carimbos de viagem distribuídos por todas as peças gráficas, trazendo um componente contemporâneo daquilo que podemos chamar de deslocamento humano, assim como caracteriza o passaporte (conceito básico do programa desenvolvido) como documento principal de quem ultrapassa as fronteiras de sua terra natal.
Pedra Parada Cria Musgo
3º Sinal Produções Artísticas.
Desenvolvimentos: Conceito, cartaz, programa e divulgação online.
Conceito gráfico a partir da obra “A Ralé” do dramaturgo russo Maksim Gorki. Excluídos, pedintes e seres à margem da sociedade trouxeram como mote de desenvolvimento do conceito luzes que tentam manter seu brilho mas que por vezes se apagam, quebram e perdem sua incandescência vital. Estudantes de fotografia perfilaram vela, lâmpadas (novas e antigas) e bocais enferrujados a fim de traduzir a atmosfera poética dessa ralé, interpretada na sua íntegra por estudantes de teatro.
Branco, bege, tons de azul e marrom compõem sobre o fundo preto a paleta de cores do projeto. Graficamente o Construtivismo Russo se somou ao projeto no posicionamento do texto, na organização dos elementos gráficos e em parte da tipologia escolhida.
Erêndira
Companhia Versátil.
Desenvolvimentos: Conceito, cartaz e programa.
Conceito criado a partir do conto “A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada”, de Gabriel García Márquez, o projeto gráfico contrapõe duas imensidões: a aridez do deserto - habitado na sua maior parte pela condição da personagem principal em sua trajetória fabular - com a abundância da água, presente nas memórias de Amadís, avô de Erêndira.
Bege, ocre e tons de azul e marrom permeiam as cores utilizadas. No conceito gráfico principal a ilustração do deserto se utiliza da regra dos terços situando na parte superior, feita de dunas, o corpo de Erêndira sendo invadido por uma fila insaciável de homens. Na parte inferior destaque para o crédito de direção e o título, onde um dos acentos busca compor outra espécie de fila a caminho da barraca-corpo da protagonista. No terço medial, apenas as dunas e mais filas a caminho de Erêndira, uma vez que a notícia sobre a tal moça traz cada vez mais lucro à avó cafetona.
O Despertar da Primavera
Cia Teatral Pentáculos.
Desenvolvimentos: Conceito, cartaz e programa.
O caminho criativo é voltado para o tema, época em que se passa a estória, além de encontrar ecos também na estética escolhida pela Companhia. 

A árvore ressecada, ícone central do projeto gráfico serve de mote para diversas interpretações. De forma literal, ela é símbolo do próprio inverno, que está para despertar, desabrochar, na primavera. Ao mesmo tempo ela é símbolo do púbis feminino, que está em terreno árido frente à repressão sexual que evidencia. O tema, trazendo também a constante discussão para a educação sexual de crianças e adolescentes também encontra-se estéril, tal qual a árvore, não rende qualquer fruto. 

Abaixo dela, uma relva avermelhada, representa a menstruação feminina, que tem seu lado pouco sadio (devido à repressão que sofre), explorado em cores com pouca saturação fazendo as vezes de uma natureza morta.
Eldorado
Eduardo Okamoto.
Desenvolvimentos: Fotografia, conceito, cartaz, convite, flyer, DVD, programa e divulgação online.
Um homem cego que toca uma rabeca na busca incessante pelo jamais encontrado Eldorado. O conceito desse projeto nasceu a partir da sessão fotográfica realizada num fim de tarde no Instituto Agronômico. Com o sol se pondo no horizonte, o contraluz revela o ator/personagem estático. Ao mesmo tempo em que notamos sua silhueta, não enxergamos sua fisionomia. O mesmo acontece com a tipografia utilizada no título. Parte se revela, outra parte está suprimida, como numa alusão à busca de um lugar que ainda não foi encontrado, à sensação daquilo que gostaríamos de ver contraposta à uma impossibilidade concreta. Outra silhueta, a da rabeca, se soma para dar corpo à marca do espetáculo.
Dourado e laranja são as cores predominantes, tendo como pano de fundo a paleta oferecida pela foto original, sem tratamento algum, em preto e tonalidades de azul profundo e laranja claro, próprios do anoitecer. O laranja na sua tonalidade mais quente surge a partir de outro registro feito onde a terra batida em marrom-alaranjado sustenta o caminhar do andarilho e sua busca.
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